quinta-feira, 19 de abril de 2012

Os "Novos velhos"

A jornalista Léa Maria Aarão Reis lançou recentemente, no Rio de janeiro, o livro “Novos velhos, viver e envelhecer bem”, pela editora Record. A autora define o trabalho como um livro jornalístico e acredita que a informação pode servir de ponto de partida para futuras análises.

Durante os dois últimos anos, Léa Maria entrevistou médicos neurologista e oncologista, psicólogos, psicanalistas, uma demógrafa e uma terapeuta corporal. A pesquisa que deu origem ao livro também serviu de base para a organização de dois cursos sobre a nova maneira de envelhecer para a Casa do Saber, no Rio de Janeiro.

Como surgiu a ideia do livro?

Há mais de duas décadas levanto dados no processo de envelhecimento da população do país, especialmente nos grandes centros urbanos. E isso coincidiu com o meu próprio envelhecimento.

Quem são os novos velhos?

Uma população com mais de 60 anos, economicamente plena e ainda cheia de saúde para aproveitar a vida. No Brasil, mais de 20 milhões de pessoas que nasceram com o baby boom do pós-guerra, nos anos 40/50, e viveram as grandes mudanças e as rupturas de comportamento da década de 60. Eles promovem, pela segunda vez, outra fascinante revolução de costumes.

O que mudou?

Mudou a forma de encarar a vida e também a morte. Talvez a morte, embora ainda difícil de ser aceita, começa, no entanto, a ser pensada com certa leveza. Aliás, leveza e senso de humor são características da geração que foi jovem nos anos 60.

O que acha de termos como “terceira idade, melhor idade e etc…”?

Não gosto de usar o termo terceira idade, melhor idade nem feliz idade como alguns, hipocritamente, denominam a velhice com o objetivo de mostrar que ser velho é ótimo. A velhice é difícil, especialmente numa sociedade como a nossa que, a todo instante, desrespeita os idosos e é obcecada pelo mito da eterna juventude.

A seu ver a fantasia da eterna juventude pode atrapalhar em vez de ajudar?

A fantasia de que somos todos idealmente astronautas a flutuar em um mundo antigravitacional de beleza eterna pode ser uma maldição.

Qual o principal desafio dos brasileiros?

O Estatuto do Idoso é um avanço na rede de proteção do idoso. Mas é essencial aprimorar a rede pública de saúde e urbanizar áreas degradadas onde vivem populações pobres. O Estado deve garantir às classes populares recursos mínimos para acesso aos medicamentos, vitaminas, cuidados fisioterápicos, esportes, sessões de exercícios físicos e acesso a alimentos mais saudáveis.

Como enfrentar o problema do custo do envelhecimento?

O ideal é que os investimentos nas duas pontas da população sejam equilibrados. No Brasil, por enquanto, estamos em fase de transição.

Com toda mudança se reflete na vida sexual ?

A questão não é ser ou não ativo sexualmente, mas ser ativo ou passivo do ponto de vista econômico. Quem é ativo neste sentido é mais seguro de si, tem mais autorrespeito e, portanto, é mais livre para o exercício da sexualidade. A sexualidade dos idosos, no caso das mulheres, ainda é um assunto abordado com extrema discrição porque envolve a contemplação do envelhecimento do corpo, como já mostrava Simone de Beauvoir. Já os homens velhos contam com os estimulantes à sua disposição no mercado para se reposicionarem sexualmente.

Como aproveitar essa sobrevida?

Este tempo é um tempo extra. É necessário saber administrá-lo sem a pretensão de controlá-lo, e não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje porque o tempo vai ficando curto. É fundamental manter a independência, na medida do possível e até onde der. Deve aprender também a dizer não. Ser solidário, deixar aflorar a doçura, e brigar, se for necessário, para manter-se produtivo e no mercado de trabalho que, não raro, tenta expulsá-lo da cena, até prematuramente.

Em suas entrevistas, quais as principais preocupações apresentadas?

Percebe-se a ocupação de refinar e proporcionar um acabamento requintado à própria existência neste mundo, cada um ao seu modo. E os projetos: todos, também cada qual à sua maneira, falam de projetos. Isto é emocionante.

Uma última observação?

O envelhecimento global, em todo o Ocidente, é um aspecto da vida, no século XXI, tão importante quanto o aquecimento do planeta.

NOVOS VELHOS

Léa Maria Reis

Grupo Editorial Record/Editora Record

224 páginas

Preço: R$ 34,90

Formato: 14 x 21 cm

segunda-feira, 9 de abril de 2012

FestiPoa: Imagens da ficção

FestiPoa: Imagens da ficção: 1º Concurso fotográfico FestiPoa Literária Seis horas para percorrer e fotografar a geografia ficcional da cidade presente na obra de João...

Não perca esse excelente programa de lazer e cultura! Não precisa ser profissional, basta gostar de fotografia, a partir dos 18 anos, sem limite de idade!!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Lendo sobre a velhice: Resenha

O mundo dos velhos, de todos os velhos, é, de modo mais ou menos intenso, o mundo da memória. (Norberto Bobbio)

Da ampla variedade de leituras que tratam do processo de envelhecimento, ou da condição da velhice (às vezes sob a capa eufemística da designação “terceira idade”), selecionamos três, todas elas disponíveis no mercado livreiro: O tempo da memória: De senectute e outros escritos autobiográficos, do pensador italiano Norberto Bobbio; Memória e sociedade, lembranças de velhos, da socióloga brasileira Ecléa Bosi; e A pessoa idosa não existe, do psicanalista francês Jack Messy, citadas na bibliografia. As obras selecionadas dão uma amostragem do amplo interesse que o tema suscita, pois são livros escritos por autores contemporâneos, diferentes em sua formação profissional e sua nacionalidade. Duas abordagens poderiam ser classificadas como externas, as da socióloga e do psicanalista, pois têm o velho como objeto de análise; a outra, do jurista e pensador italiano, é uma abordagem interna, uma vez que ele a escreveu na quadra dos oitenta anos, fazendo considerações sobre seu próprio envelhecimento. Todos os três livros (assim como os demais, sugeridos na lista abaixo) são leituras interessantes, seja como pesquisa, seja como experiência de vida para todo leitor que se aproxima do limiar da velhice.

O tempo da memória: De senectute e outros escritos autobiográficos, de Norberto Bobbio


Norberto Bobbio, jurista e filósofo italiano, nascido em 1909, declara ser filho do século XX, um século breve, como foi chamado, mas marcado por acontecimentos terríveis: duas guerras mundiais, a revolução russa, comunismo, fascismo, nazismo, o surgimento pela primeira vez na história dos regimes totalitários, Auschwitz e Hiroxima, décadas de predomínio do terror, e então, depois da queda do império soviético e o fim da guerra fria, uma ininterrupta explosão, em diversos lugares do mundo, de guerras nacionais, étnicas, tribais, territorialmente limitadas mas não menos atrozes.(p. 51)

E Bobbio entra na velhice propriamente dita, na “quarta idade” dos que adentram os 80 anos, ao mesmo tempo em que sai do seu século, constatando: “cheguei ao fim não apenas horrorizado, mas incapaz de dar uma resposta sensata a todas as perguntas que os acontecimentos de que fui testemunha continuamente me propõem” (p. 52). O tempo da memória são, pois, considerações sobre o passado e o presente, filtradas pela ótica de quem muito viveu e que percebe, na falência do corpo e nos lapsos da mente o preço cobrado pelo tempo vivido. São reflexões sobre o significado da velhice no mundo de hoje.

O volume da Editora Campus tem prefácio de Celso Lafer e apêndice de Pietro Polito, e se divide em duas seções distintas: “De senectute”, título tomado de empréstimo a Cícero, e “Escritos autobiográficos”. É na primeira seção, como o título já deixa claro, que o pensador faz suas reflexões sobre o envelhecimento, aludindo a obras do passado sobre o tema e lembrando que, naqueles tempos recuados, seus autores estavam em geral na faixa dos sessenta anos. Isso já revela o quanto o homem moderno vem empurrando para diante a barreira que separa a idade madura da velhice.

Aos 85 anos, em 5 de maio de 1994, ao ser-lhe conferido o diploma honoris causa em Ciências Políticas, Norberto Bobbio proferiu seu discurso “De senectute” na Università degli Studi di Sassari. O texto desse discurso constitui a Primeira Parte, dividida em quatro subtítulos (1. A velhice ofendida; 2. Mas que sabedoria?; 3. Retórica e anti-retórica; e 4. O mundo da memória) e seguida da Segunda Parte (1. Ainda estou aqui; 2. Depois da morte; 3. Lentidão; e 4. O tempo perdido), textos escritos especialmente para esta edição e que complementam suas reflexões sobre a velhice.

Os “Escritos Autobiográficos”, em número de dez, constituem a segunda seção do volume e se referem a diversos acontecimentos e épocas da vida do eminente jurista e senador vitalício da Itália.
O autor, depois de comparar o status social do velho nas sociedades antigas e no mundo contemporâneo e de buscar explicações para a mudança, constata que a segurança, o conforto e o refúgio do idoso são as suas lembranças do passado e conclui dizendo sobre si mesmo:
Tenho uma velhice melancólica, a melancolia subentendida como a consciência do não-realizado e do não mais realizável. A imagem da vida corresponde a uma estrada cujo fim sempre se desloca para frente, e quando acreditamos tê-lo atingido, não era aquele que imagináramos como definitivo. A velhice passa a ser então o momento em que temos plena consciência de que o caminho não apenas não está cumprido, mas também não há mais tempo para cumpri-lo, e devemos renunciar à realização da última etapa. (p. 31)

A leitura de O tempo da memória, de Norberto Bobbio, dá ao leitor uma visão sensata e sensível das perdas e ganhos trazidos pelo envelhecimento, ganhos expressos sobretudo na humildade em reconhecer seus próprios limites e tentar cotejar passado e presente com um olhar justo, o que só está ao alcance daqueles que também, com o tempo, ganharam em sabedoria, como ocorreu com este pensador italiano.

Memória e sociedade, lembranças de velhos, de Ecléa Bosi
O livro Memória e sociedade, lembranças de velhos, de Ecléa Bosi, originou-se, em 1973, de sua tese de livre-docência em Psicologia Social. O volume, editado por T. A Queiroz, apresenta prefácio de João Alexandre Barbosa, intitulado “Uma psicologia do oprimido”. A própria autora afirma não se tratar de uma obra sobre a velhice, nem sobre a memória, declarando: “Fiquei na intersecção das duas realidades”. Segundo Benedito Nunes, o que ...justifica a longa carreira desse trabalho [...] é o próprio caráter interseccionante da investigação aí empreendida, cruzando a teoria e a prática, a linguagem oral e a linguagem escrita num texto desenvolto, analítico e meditativo, que recorta tanto o domínio das ciências sociais quanto o da tradição humanística.

Depois de uma introdução de bases teóricas, a pesquisadora transcreve depoimentos de oito pessoas – homens e mulheres – maiores de 70 anos, que têm na cidade de São Paulo o seu denominador comum. Todos viveram nessa cidade a maior parte de suas vidas. Viram-na crescer, mudar de aspecto e de população, presenciaram o fluxo migratório em suas várias levas de etnias diversas, viram-na transformar-se em metrópole. Dando voz a esse pequeno grupo de velhos, cuja única riqueza é a sua memória pessoal, Ecléa Bosi recupera um tempo, reconstrói um momento social coletivo, cosendo retalhos de lembranças individuais. Faz pela pesquisa o que Alcântara Machado fizera na literatura com o seu tempo, fixando o modo de viver dos paulistanos não-oficiais, aqueles que não têm senha de acesso à História, mas que a fazem de fato. Aliás, a leitura de Memória e sociedade revela-se muito útil ao leitor de Alcântara Machado, nem sempre apto a entender certas alusões que o ficcionista faz em seus contos.
Benedito Nunes, em comentário ao livro de Ecléa Bosi, destaca a sua importância, ao constatar a situação a que hoje estão relegados os velhos:
A sociedade industrial em que vivemos rompeu esse liame [de elo entre gerações], desvalorizou o saber de experiência, corroeu a memória coletiva, desvalorizou a lembrança; portanto, desapossou a velhice de seu dom à sociedade e à cultura. Da natural condição de sobrevivente de uma geração que ele é, [...] o homem idoso, porque improdutivo [...] passa, acobertado pela etiqueta clínica da “terceira idade”, ao anonimato dos excluídos sem voz.
É isso que o livro de Ecléa Bosi faz, dá voz aos marginalizados pela idade, convida-os a exporem suas lembranças mais antigas e, com elas, recupera um tempo e um modo de viver que, de outra forma, estariam perdidos para sempre.
A pessoa idosa não existe, Uma abordagem psicanalítica da velhice, de Jack Mes
Jack Messy é um psicanalista atuante que trabalha no ramo da psicanálise em Paris há mais de dez anos, sendo atualmente diretor do Centro de Formação da Sociedade AGES. Este livro, que trabalha com a questão da velhice e do envelhecimento, com enfoques teóricos e relatos de casos, destina-se principalmente aos profissionais que lidam com pessoas de idade: assistentes sociais, enfermeiros, médicos, psicólogos e psicanalistas, mas também é leitura de interesse para cada um de nós, que nos aproximamos, passo a passo, da velhice ou que convivemos com velhos em nosso meio profissional ou familiar.
O livro reparte-se em quatro capítulos, antecedidos de um prefácio do autor e seguidos de uma breve conclusão. No prefácio, o autor expõe seu propósito, contestando noções sedimentadas em nossa cultura:
Este livro tenta tomar posse de novo de nossa inscrição no tempo e de nossa vida em sua história. A velhice não é uma passagem obrigatória para a morte, assim como a demência não é uma ameaça em contrapartida de uma idade avançada, como parece ser a promessa aos decênios que ultrapassam nossas expectativas. (p. 10)

Com relação ao título do livro – A pessoa idosa não existe – explica tratar-se mais do que uma simples provocação, tendo em vista que a idade é irrelevante em si para uma abordagem psicanalítica, pois que ela não interfere na psique. “Os processos do sistema inconsciente estão fora do tempo, a relação temporal é do âmbito do sistema consciente”, esclarece. No tratamento psicanalítico, estão em jogo os desejos e conclui: “Na circulação da libido não há jovem nem velho, o desejo não tem idade” (p. 10).

O primeiro capítulo, “O espelho quebrado”, repartido em treze seções, discute vários aspectos ligados ao processo de envelhecimento: as perdas (da própria identidade física, da beleza, da independência, da memória, etc) e também os ganhos. Sobre estes o autor se detém na seção “O envelhecimento é aquisição”.
Todo esse primeiro capítulo, que inicia evocando a estranheza que a pessoa tem diante de sua imagem envelhecida no espelho (“não sou eu esse velho, é outro”) e tão reiterada na literatura, constitui uma longa reflexão, com bases teóricas, sobre o velho e o sobre o envelhecimento, focalizados sob diferentes ângulos. Inobstante o referencial teórico, o autor consegue expressar-se numa linguagem acessível, capaz de atender às expectativas de qualquer tipo de leitor, não apenas às do especialista. O segundo capítulo, “Neurose, psicose, velhice”, segue o mesmo padrão, discutindo esses tópicos com bases teóricas.

O longo capítulo “Me chamam Lili” é um estudo de caso, que versa sobre uma paciente idosa, descrevendo as sessões de seu tratamento. Por último, no capítulo “Desmentir a demência”, o autor faz uma abordagem psicanalítica do mal de Alzheimer, doença devastadora que dia a dia vem-se tornando mais comum, contestando algumas das noções que a mídia tem propagado em torno dessa forma de senilidade.

Na conclusão, Jack Messy resume a trajetória de sua argumentação ao longo do livro e finaliza, sintetizando assim sua posição:

Envelhecimento pode não estar associado a perda de neurônios

Por Portal Psico


Por Valéria Dias

Uma série de pesquisas realizadas na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP sugere que o processo de envelhecimento não está, obrigatoriamente, associado a uma diminuição no número de neurônios, podendo este número se manter estável ou até mesmo aumentar nas pessoas idosas. As pesquisas estão sendo realizadas no Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da FMVZ, sob a coordenação do estereologista Antonio Augusto Coppi.

Segundo o professor, de 1954 até 1984, o uso de métodos de análise inadequados em diversas pesquisas nacionais e internacionais conduziu os cientistas a acreditarem que, ao envelhecermos, nosso cérebro perdia células nervosas. “Porém, a partir de 1984, com a publicação do método estereológico, os pesquisadores menos resistentes contestaram os resultados anteriores, iniciando o emprego da quantificação de neurônios por estereologia (3D)”, conta.
A Estereologia é uma ciência que permite a análise não apenas em duas dimensões (comprimento e largura), mas também levando em conta a profundidade (3D) e até mesmo o fator tempo (4D). Com isso é possível estimar o número total de objetos (e não apenas o número de perfis dos mesmos), o verdadeiro tamanho (volume), além de outros parâmetros, com precisão e acurácia. O LSSCA é uma referência mundial na área e representante da América do Sul junto à Sociedade Internacional de Estereologia.

Nos últimos nove anos, foram realizados no Laboratório diversos estudos nas modalidades de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado abrangendo o sistema nervoso periférico de roedores como ratos, cobaias, preás, cutias, pacas e capivaras, assim como de cães e cavalos.

Dentro de cada uma dessas espécies, os animais foram divididos em quatro grupos etários: neonatos (3 dias), jovens (1 mês), adultos (12 meses), senis (2 a 10 anos, dependendo da espécie estudada). Esses animais eram saudáveis e não apresentavam sinais clínicos de doenças no sistema nervoso, o que poderia interferir nos resultados.

As análises foram feitas com neurônios do gânglio cervical superior e do gânglio mesentérico inferior. Esses gânglios pertencem ambos ao sistema nervoso simpático, sendo que o primeiro inerva os vasos cerebrais e o coração, entre outros, e o último inerva os intestinos delgado e grosso. “É importante notar que células nervosas (neurônios) são encontradas não só no cérebro, mas também fora dele, em gânglios do sistema nervoso periférico”, aponta Coppi.


Resultados
Entre as conclusões inéditas está o fato de que, na maioria das espécies, o envelhecimento ocasionou um aumento no tamanho (volume) dos neurônios, ou seja, uma hipertrofia. Em cães, os pesquisadores encontraram aumentos de até 100% no tamanho do neurônio. “Não se sabe ao certo porque isso ocorre. Estudos recentes têm sugerido que a hipertrofia seria um mecanismo para manter a quantidade de substâncias produzidas pelos neurônios, como por exemplo, neurotransmissores, no advento de alguma doença ou perda de células”, afirma.

O comportamento do número de neurônios durante o envelhecimento foi extremamente variável nos animais estudados: nos cães o número aumentou 1.700%, ao passo que roedores selvagens idosos apresentaram o mesmo número de neurônios dos neonatos e jovens, ou seja, não houve diminuição no número destas células nervosas durante o envelhecimento. Já em cobaias, o número de neurônios diminuiu 21%.

“Os resultados sugerem que não existe um padrão específico em relação ao número total de neurônios durante o envelhecimento, pois nossos achados mostram 3 situações claras: diminuição, aumento ou estabilidade no número de células nervosas”, afirma Coppi.

Um dado que gerou surpresa nos pesquisadores foi a presença de células nervosas se dividindo em roedores selvagens idosos (preás e cutias). “Esta constatação coloca em dúvida um dogma na neurociência de que os neurônios no sistema nervoso autônomo se dividem até o primeiro ou segundo mês de vida, e partir daí a divisão celular é interrompida”, destaca.

Binuclearidade

Coppi cita ainda uma outra descoberta importante: a existência de neurônios binucleados em cobaias e em outros roedores selvagens (preás, pacas, cutias e capivaras), tanto em animais neonatos quanto nos animais idosos. No entanto, tais neurônios binucleados não foram vistos em ratos ou camundongos.

Segundo o estereologista, uma das hipóteses para a existência de neurônios binucleados, é de que estes seriam uma reserva para o gânglio cervical superior, podendo os mesmos se dividir (inclusive no animal idoso) e gerar novos neurônios, na tentativa de compensar uma perda de células.

Os resultados destas pesquisas foram publicados em revistas médicas internacionais e com arbitragem, gerando 6 artigos científicos completos. Adicionalmente, foram produzidas duas dissertações de mestrado, defendidas recentemente. Coppi cita ainda que estas pesquisas foram financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).



STF julgará atendimento especial a idosos em banco

STF julgará atendimento especial a idosos em banco
Por wilson yoshio.blogspot

De O Dia Onlin


Rio - A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), por meio da Procuradoria Geral da República, vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que considerou inconstitucionais quatro leis estaduais que disciplinam a prestação de serviço bancário. As leis garantiam atendimento especial aos idosos dentro das agências no estado.
A Corte Especial do STJ entendeu que o estado não teria competência para legislar sobre uma questão vinculada a interesse local, ou seja, do município. Logo, as medidas foram consideradas inconstitucionais.

Autor da Lei 3.533/01 — que determina que os bancos reservem assentos para aposentados e pensionistas nas agências — o deputado estadual Edson Albertassi (PMDB) defende que a Constituição prevê que, em defesa do direito do consumidor, estados e União podem legislar em questões municipais.
“Respeito a decisão dos ministros do STJ, mas não concordo. Vamos entrar com recurso no STF. O Artigo 24, inciso quinto, da Constituição é claro ao definir que os estados podem legislar em questões que envolvem o direito do consumidor”, afirma.
Albertassi criticou ainda a posição da Federação Brasileira de Bancos que entrou com recurso de inconstitucionalidade: “Os bancos têm uma lucratividade enorme e deixam de prestar bons serviços. O assento especial e o banheiro deveriam ser um conforto a mais para os clientes e não apenas o cumprimento de uma determinação legal. A Febraban poderia buscar o melhor para os clientes”.
Na capital, lei regulariza atendimento
Na Cidade do Rio, os clientes estarão protegidos. A Lei Municipal 5.254/2011 determina que as agências tenham bebedouros e banheiros para clientes, além da oferta de,no mínimo, quinze assentos a maiores de 65 anos, gestantes, deficientes físicos e pessoas com crianças de colo.
O atendimento preferencial deverá ser prestado por meio de senhas numéricas também preferenciais. O tempo de espera deverá levar, no máximo, 15 minutos em dias normais e 30 minutos em dias precedentes ou posteriores a feriados prolongados.
Leis que foram suspensas

As Leis Estaduais 3.533/01, de Edson Albertassi (PMDB); 3.273/99, de Alessandro Calazans (PMN); 3.213/99 , Nilton Salomão (PT), e 3.663/01, de Sérgio Cabral (PMDB); determinam a colocação de assentos nas filas de atendimento prioritário para aposentados, pensionistas, gestantes e deficientes físicos; a instalação de banheiros e bebedouros para atendimento aos clientes; a disponibilização de cadeira de rodas para atendimento aos idosos; e a adoção de medidas de segurança em favor de consumidores usuários de caixas eletrônicos nas agências bancárias do Estado do Rio.

Sugestão de texto por Ernani Mundstock